Inércia regulatória nas confederações esportivas: o impacto da omissão estatutária no desempenho das comissões de atletas
DOI:
https://doi.org/10.47197/retos.v73.116824Palavras-chave:
Governança esportiva, representação de atletas, Democracia no esporte, Comissões de atletas, estatutosResumo
Introdução: Preocupações recentes sobre a gestão esportiva impulsionaram a busca por processos mais democráticos, visando maior transparência e a participação ativa de atletas em decisões que os afetam diretamente.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar as principais características do processo eleitoral das comissões de atletas nas confederações esportivas olímpicas brasileiras, avaliando o grau de institucionalização e a eficácia dessa representação à luz da governança democrática.
Metodologia: A pesquisa foi conduzida por meio de uma análise documental qualitativa dos estatutos e regulamentos internos das 34 confederações vinculadas ao Comitê Olímpico Brasileiro. Quatro indicadores foram definidos para análise: competência da comissão, período de mandato, possibilidade de recondução e método de votação.
Resultados: Os achados indicam uma significativa falta de regulamentação: apenas 29,41% das confederações descrevem formalmente as competências das comissões.
Discussão: Também foi observada a ausência de planejamento sucessório e lacunas na regulamentação da participação dos atletas, o que enfraquece seu papel deliberativo e consolida um modelo de representação predominantemente simbólico.
Conclusões: A análise do processo eleitoral para a representação de atletas nas confederações esportivas brasileiras revelou uma falta de regulamentação clara quanto às suas competências, exigindo maior transparência, planejamento estratégico e capacitação para uma governança democrática eficaz.
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